VETINDEX

Periódicos Brasileiros em Medicina Veterinária e Zootecnia

p. 58-63

Cryptosporidium spp. em alimentos

Costa, Fábio daSantos, Iacir Francisco dosSilva, Teófilo José Pimentel daBedell, Kenneth Scott

O Cryptosporidium parvum foi descrito pela primeira vez em 1907 por Tyzzer, porém reconhecido como patógeno humano apenas em 1976. A Cryptosporidiose, causada principalmente pelo Cryptosporidium parvum, é mais grave em crianças, idosos e indivíduos imunodeficientes ou imunossuprimidos. Em contrapartida, em imunocompetentes, a doença é auto-limitante, caracterizada por uma diarréia aquosa que pode durar de 3 a 14 dias sem maiores complicações. O Cryptosporidium parvum é transmitido por oocistos, por meio de contato direto com as fezes de pessoas e animais infectados ou indiretamente durante a ingestão de água e alimentos contaminados. Os oocistos do Cryptosporidium spp. São resistentes aos desinfetantes químicos usados no tratamento da água de bebida, são facilmente destruídos pela fervura, mas não são retidos pelos filtros domésticos convencionais; porém, os filtros com poros com menos de 1 micrômetro de diâmetro e de osmose reversa são eficazes na retenção dos oocistos presentes na água. Os esgotos lançados (in natura) poluem os recursos hídricos, principalmente na falta de sistemas de captação e tratamento adequados. Estudos recentes demonstram que nos USA, 65-97 por cento das águas de superfície (rios, lagos, etc) estão contaminados com oocistos de Cryptosporidium spp, o que representa um sério risco ao aparecimento de surto de cryptosporidiose por meio da contaminação do sistema de abastecimento de água potável e da contaminação de frutas e verduras que são consumidas sem receber tratamento adequado. O surto de cryptosporidiose humana com maior repercussão, ocorreu na cidade de Milwaukee - Wisconsin - USA, envolvendo cerca de 300 mil pessoas, com um custo total de 90,2 milhões de dolares gastos no tratamento e controle da doença. O presente trabalho de revisão tem como objetivo principal alertar as autoridades e órgãos competentes para um maior controle microbiológico da água de abastecimento público e dos alimentos.(AU)