VETINDEX

Periódicos Brasileiros em Medicina Veterinária e Zootecnia

p. 634-641

Vigilância epidemiológica das leishmanioses no município de Monte Mor, estado de São Paulo, Brasil

Cutolo, André AntonioTroncarelli, Marcella ZampoliMachado, Juliana GiantomassiLuvizotto, Maria Cecília RuiZuben, Claudio José VonLangoni, HelioGiorgio, Selma

As leishmanioses tegumentar (LTA) e visceral americana (LVA), em caninos e humanos, encontram-se em crescente expansão no Estado de São Paulo. Para a vigilância epidemiológica dessas endemias, é fundamental o conhecimento da distribuição e ecologia das diferentes espécies vetoras de flebotomíneos e, para a LVA, o conhecimento da prevalência da enfermidade no cão, seu principal reservatório. Objetivou-se assim verificar a abundância e distribuição de flebotomíneos e pesquisar a presença de anticorpos anti-Leishmania em uma amostra da população canina do município de Monte Mor, SP, visando identificar possíveis cães infectados. Nas capturas de flebotomíneos utilizaram-se armadilhas automáticas luminosas do tipo CDC em 16 pontos diferentes do município, no período noturno (18h às 8h), de abril de 2006 a abril de 2008, com posterior processamento e identificação dos espécimes. Um total de 319 amostras de soro canino foi processado pelas técnicas de ELISA e RIFI com utilização de Leishmania major como antígeno. Em 14 dos 16 locais avaliados encontraram-se flebotomíneos, num total de 86 exemplares, com identificação de sete espécies: Nyssomyia neivai, N. whitmani, Pintomyia monticola, P. pessoai, Migonemyia migonei, Brumptomyia brumpti e Evandromyia termitophila. N. neivai, considerada a principal espécie vetora de LTA no Estado de São Paulo, mostrou-se a mais abundante com 48,84% do total capturado e presente em dez dos 14 locais com flebotomíneos. Todas as 319 amostras caninas apresentaram-se negativas para anticorpos anti-Leishmania. A abundância de N. neivai, aliada à presença de espécies vetoras secundárias como N. whitmani, M. migonei e P. pessoai, ilustra risco de transmissão da LTA no município. A ausência de Lutzomyia longipalpis e de cães reagentes para leishmaniose, indicam até o momento ausência da LVA canina, com baixo risco de estabelecimento desta doença no município. Ressalta-se, porém, a necessidade da manutenção das ações de vigilância epidemiológica, ampliando-se os pontos de captura de flebotomíneos, bem como se mantendo a avaliação clínica e laboratorial periódica da população canina, visando-se assim impedir a introdução e estabelecimento desta grave enfermidade no município.

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