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Periódicos Brasileiros em Medicina Veterinária e Zootecnia

Outbreak of enzootic ataxia in goats and sheep in the state of Bahia

Fontes, Thanielle N.Carvalho, Jeferson S.Mendonça, Múcio F.F.Farias, Soraya S.Mori, Clara SatsukiSilva, Danielle N.Madureira, Karina M.Peixoto, Tiago C.

RESUMO: Objetivou-se com esse estudo descrever pela primeira vez os aspectos clínico-epidemiológicos, laboratoriais e patológicos de diferentes formas de ataxia enzoótica em cabritos e borregos no estado da Bahia, bem como propor um tratamento oral emergencial com sulfato de cobre de forma individualizada para neonatos. Foram estudados três surtos de ataxia enzoótica. O histórico, sinais clínicos e dados epidemiológicos foram obtidos com os proprietários e verificados durantes as visitas técnicas. O primeiro surto (PS) ocorreu em 2013 em uma propriedade localizada no município de Itaberaba e acometeu um rebanho composto por 90 caprinos e 130 ovinos. O segundo surto (SS) aconteceu em 2014 no município de Santa Luz e afetou um rebanho formado por 90 caprinos e 110 ovinos. O terceiro surto (TS) ocorreu 2018, em uma propriedade localizada no mesmo município do SS, sendo o rebanho constituído por 80 ovinos. Amostras de sangue foram colhidas de todos os caprinos e ovinos atendidos, para dosagem de cobre sérico. Nove animais (cinco caprinos e quatro ovinos) que apresentavam quadro clínico mais grave e prognóstico desfavorável foram necropsiados para confirmação diagnóstica. Durante a necropsia dos animais do PS, SS e TS amostras de fígado foram coletadas para dosagem de cobre, bem como amostras de diversos órgãos para exame histopatológico. Na propriedade onde ocorreu o SS, foram coletadas amostras de solo e das principais forragens onde os animais eram mantidos, a fim de se determinar os teores de cobre, ferro, molibdênio, enxofre e zinco. Os achados clínicos e histopatológicos verificados nos três surtos estudados foram característicos de ataxia enzoótica. Nos surtos estudados, a frequência da ataxia enzoótica foi maior em cabritos (52) do que em cordeiros (39). Nos caprinos os valores médios de cobre sérico (0,05mg/kg) e hepático (2,48mg/kg) do PS e SS encontravam-se muito abaixo dos respectivos valores de referência, sendo 12 vezes menor em relação aos níveis séricos e oito vezes menor em relação aos teores hepáticos. Já os ovinos do TS apresentavam valores médios de cobre sérico (0,015mg/kg) reduzidos cerca de 40 vezes. Os teores de ferro e enxofre encontravam-se elevados nas forragens da propriedade onde ocorreu o SS, já no solo, os níveis de ferro apresentavam-se elevados e os de cobre reduzidos. O tratamento testado nos cabritos e borregos neonatos, com duas administrações individualizadas com solução de sulfato de cobre, por via oral, na dose de 20mg/kg para ovinos e 35mg/kg para caprinos, na primeira e segunda semana de vida, foi eficaz na prevenção da ataxia enzoótica nos neonatos e pode ser utilizado para controle emergencial da doença. Comprovou-se pela primeira vez na Bahia a ocorrência da ataxia enzoótica (forma congênita e tardia) em caprinos e ovinos. Ressalta-se ainda que, esta doença causada por deficiência de cobre, tem cursado com grandes prejuízos aos criadores de pequenos ruminantes, sobretudo, devido à alta mortalidade dos animais acometidos.

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