VETINDEX

Periódicos Brasileiros em Medicina Veterinária e Zootecnia

p. 479-483

Observações clínicas e eletrorretinográficas em cães com perda súbita de visão

Bacellar, MariannaBaldotto, Suelen BFerreira, Fabiano Montiani

O diagnóstico diferencial da perda súbita de visão inclui doenças neurológicas como intoxicações do sistema nervoso central, amaurose idiopática, neurite óptica retrobulbar, compressão ou neoplasia no quiasma óptico, tumores pituitários e outras cegueiras centrais de manifestação brusca. Além disso, a degeneração súbita adquirida de retina (DSAR), os descolamentos de retina e as toxicidades coriorretinianas são outras causas importantes de cegueira súbita, assim como crises de hipertensão. A DSAR é uma doença que afeta cães de meia-idade, geralmente obesos, cujo principal sinal clínico é a perda de visão associada a fundoscopia sem alterações. Para chegar ao diagnóstico preciso, há a necessidade da realização da eletrorretinografia (ERG), a fim de se avaliar a funcionalidade da retina. O objetivo do presente trabalho é relatar a prevalência dos casos de cegueira súbita, particularmente de DSAR, atendidos na casuística do Serviço de Oftalmologia Comparada da UFPR. Nove animais foram encaminhados ao Serviço de Oftalmologia comparada com a queixa de perda súbita da visão. Todos foram submetidos a consulta oftalmológica completa, seguida de indicação da ERG. Em três casos foi feita documentação fotográfica do fundo de olho empregando uma lâmpada de fenda com capacidade de oftalmoscopia indireta. Dos nove casos, quatro foram submetidos ao ERG pelo protocolo "QuickRetCheck",o qual consiste em estímulos por flashes de luz com intensidade de 3000 e 10000 mcd.s/m2. Para o exame os animais foram pré-medicados com 0,5 mg/kg midazolam e 0,5 mg/kg mo;fina,1M, foi instilada uma gota do colírio de Tropicamida 1%em ambos os olhos, durante a adaptação ao escuro (20 minutos). Foram anestesiados com 1,5 mg/kg/min de propofol e 0,5 mg/kg/ min cetamina S(+), IV, até a perda dos reflexos palpebrais e tolerância ao blefarostato. Dos animais avaliados, três foram considerados suspeitos de DSAR, dois foram diagnosticados com retinotoxicidade induzida por drogas (fármacos) e quatro com DSAR. Não foi detectada qualquer alteração na fundoscopia dos animais e nos exames de eletrretinografia foi observada ausência de resposta. A prevalência dos casos de DSAR na casuística total do Serviço de Oftalmologia Comparada foi de 1,18% (quatro de 339 casos) e dentro dos nove casos de cegueira abrupta foi de 44,5% (quatro de nove casos). Concluindo, para um diagnóstico preciso da DSAR é necessária a eletrorretinografia, mas infelizmente, ainda se classifica a DSAR como uma doença sem cura, apesar dos animais se adaptarem com certa facilidade a vida sem visão(AU)