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Periódicos Brasileiros em Medicina Veterinária e Zootecnia

Lesões da mosca dos chifres (Haematobia irritans Linnaeus,1758) na pele de bovinos e impacto na indústria do couro

Viero da Silva, LucianaLuiz de la Rue, MarioLühers Graça, Dominguita

Foram selecionados 22 bovinos, da raça Ibagé, com idade média de 2 anos. Os animais foram divididos em dois grupos de 11 bovinos cada. O grupo testemunha não foi tratado e o grupo experimental foi tratado com produto mosquicida. Após contagem de moscas, a cada 14 dias, num período de 16 meses, quando também era realizada a pesagem dos animais, estes foram abatidos e os respectivos couros remetidos ao curtume onde foram curtidos e avaliados em dois estágios: o Wet-Blue e o curtimento total. Foram realizados estudos sobre peso dos animais, peso de carcaça e rendimento de carcaça nos dois grupos ficando demonstrado que não houve correlação entre a presença do parasita e a variação destes parâmetros. No abate, foram colhidas amostras de pele do flanco e da garupa, dos animais do grupo não tratado, e processadas para histopatologia, o que revelou a presença de infiltrado inflamatório com eosinófilos e poucas células mononucleares (linfócitos e plasmócitos) ao redor dos vasos da derme superficial que em 84,21% das amostras foi discreto, em 10,52% foi moderado e em 5,26% foi acentuado. Na fase de curtimento, denominada de Wet-Blue, os couros dos animais do grupo não tratado foram classificados como: 18,18% tipo "A",28,28% tipo "B", e 54,54% tipo "C", já os couros dos animais pertencentes ao grupo tratado obtiveram a seguinte classificação: 45,45% tipo "A", 36,36% tipo "B" e 18,18% tipo "C". Nesta fase, observou-se que, no grupo de animais tratados, as áreas comumente parasitadas pela mosca dos chifres (flancos e garupa) apresentavam poucas ou nenhuma lesão enquanto no grupo de animais não tratados essas áreas estavam cobertas por lesões. Após o curtimento total a classificação dos couros dos animais do grupo não tratado passou a ser de 54,54% dos couros tipo "A"36,36% tipo "B" e 9,09% tipo "C"; já os couros dos animais do grupo tratado passaram a receber a seguinte classificação:81,81% tipo "A", 9,09% tipo "B", e 9,09% tipo "C". Após a aplicação de pastas especiais por profissionais especializados evidenciou-se que as áreas afetadas pela mosca dos chifres onde se observara um grande numero de lesões passaram a ter um aspecto homogêneo e sem marcas. Deve-se salientar que estes couros, mesmo provenientes de animais tratados apresentavam lesões características de outros parasitas como Dermatobia hominis e Boophilus microplus e também lesões provavelmente adquiridas durante o processamento no frigorífico. Estes resultados sugerem que a mosca dos chifres não representa um fator econômico importante para a industria do couro.

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