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Periódicos Brasileiros em Medicina Veterinária e Zootecnia

O imperativo científico: por que a experimentação animal deve ser substituída por modelos centrados em humanos?

Vargas-Chaves, Iván

Resumo Este artigo visa desconstruir o impasse ético e científico do uso de animais em pesquisa biomédica, propondo uma mudança de paradigma em direção a metodologias centradas no ser humano. O estudo emprega uma análise crítica do paradigma atual de experimentação animal. Apresenta, em primeiro lugar, uma crítica dupla, avaliando as deficiências científicas, como a "lacuna de extrapolação" e as falhas metodológicas que levam ao insucesso translacional, e a inadequação ética da abordagem bem-estarista. Após esta crítica, o artigo propõe um novo enquadramento baseado em três pilares: a adoção de Novas Abordagens Metodológicas (NAMs), a modernização das estruturas reguladoras e de financiamento, e a promoção de uma cultura de responsabilidade ética. A análise baseia-se numa revisão da literatura e dos quadros éticos existentes. A análise revela deficiências científicas significativas no modelo animal, principalmente o seu baixo valor preditivo para resultados em humanos devido a diferenças biológicas interespecíficas. Eticamente, o quadro bem-estarista revela-se insuficiente, pois perpetua a instrumentalização de seres sencientes sem conceder igual consideração igualitária aos seus interesses. O paradigma proposto, centrado em NAMs relevantes para o ser humano, é apresentado como alternativa cientificamente mais robusta e eticamente mais consistente. A abordagem tradicional dos "Três Rs" oferece apenas melhorias incrementais e é insuficiente para resolver o conflito central. Uma mudança decisiva para um novo paradigma que alinhe o progresso médico com métodos mais preditivos, eficientes e justos não é apenas um ideal ético, mas um imperativo científico para o futuro da biomedicina. Esta transição é essencial para o avanço da saúde humana, ao mesmo tempo que promove uma relação mais responsável com os animais não humanos.

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