Infecções parasitárias intestinais: fatores de risco e aspectos zoonóticos na população humana e canina da zona rural do estado do Piauí, Brasil
Silva, JMonteiro, K. J. LLima, O. BSilva, M. L. A. daAlmeida, M. MEvangelista, B. B. CPinheiro, R. SLeal, D. NCarneiro, E. L. N. CBordignon, J. C. PPereira, L. AAlencar, M. F. LCarvalho-Costa, F. AMoraes Neto, A. H. A
As Infecções Parasitárias Intestinais (IPIs) são prevalentes em populações vulneráveis, no entanto, há subnotificação de transmissão zoonótica. Este estudo analisou a prevalência e os fatores de risco das IPIs em humanos e cães, sob o enfoque da Saúde Única, numa região rural de Teresina, Piauí, Brasil. Foram analisadas 361 amostras fecais humanas, 23 de cães domiciliados e 81 amostras de cães coletadas em vias públicas, pelos métodos de Lutz, Baermann e Kato-Katz, além de aferição antropométrica, dosagem de hemoglobina em crianças de 5 a 14 anos e levantamento de casos de larva migrans cutânea (LMC). Os escores z de altura para idade (HAZ), peso para idade (WAZ) e peso para altura (WHZ) foram calculados a partir da altura e peso desses indivíduos. Associações entre os parasitas e os fatores de risco foram avaliados usando Teste Qui-Quadrado de Pearson, o teste t de Student e Regressão Logística. Os resultados mostraram que 47,9% (173/361) dos moradores estavam parasitados, sendo 42,9% (155/361) por protozoários e 9,4% (34/361) por helmintos. Os protozoários patogênicos frequentes foram Giardia duodenalis (8,3%; 30/361) e Entamoeba histolytica/dispar (5,3%, 19/361), e os helmintos Ascaris lumbricoides (6,6%, 24/361) e ancilostomídeos (4,7%, 17/361). Em relação ao estado nutricional, 3,1% das crianças e adolescentes apresentaram baixa estatura (HAZ<-2), 7,3% baixo peso (WAZ<-2) e 21,9% anemia (hemoglobina <11,5g/dL). As médias de HAZ foram significativamente menores em crianças com ascaridíase (-1,16±0,24 vs. -0,34±0,10; p=0,008) e ancilostomíase (-1,28±0,33 vs. -0,39±0,09; p=0,041). Os ancilostomídeos foram os parasitas mais frequentes nas fezes dos cães (62,5%, 65/104). Infecções por Toxocara spp. e Trichuris spp. foram observadas em cães, com 3,8% das amostras apresentando infecções mistas. Casos de LMC foram identificados (n= 45/361), com 62,2% dos casos em crianças (2 a 9 anos) e predominância no sexo masculino (68,8%). Esses dados evidenciam as interseccionalidades entre IPIs em humanos e cães, reforçando a necessidade de medidas intersetoriais e integradas de promoção da saúde. A adoção da abordagem de Saúde Única poderá fortalecer a vigilância e a prevenção de zoonoses, contribuindo com políticas públicas voltadas às melhorias na qualidade de vida em áreas vulneráveis.
Texto completo