Hotspots de atropelamento de fauna silvestre em estradas que atravessam Unidades de Conservação no estado de Sergipe, Brasil
Bomfim, D. A. SMelo, C. MMadi, R. R
Os atropelamentos de animais silvestres são uma ameaça significativa à biodiversidade no Brasil, causando inúmeras mortes de animais anualmente. Este estudo teve como objetivo identificar os principais locais de atropelamentos de animais silvestres em duas rodovias que passam por Unidades de Conservação no estado de Sergipe, Brasil, examinando a correlação entre os atropelamentos e os períodos de seca e chuvas. De novembro de 2021 a outubro de 2022, foram realizados 49 levantamentos ao longo da BR-235, próximo ao Parque Nacional da Serra de Itabaiana, e na rodovia Adil Dantas do Amor Cardoso (ADAC), atravessando a Reserva Particular do Patrimônio Natural Mata do Crasto. As campanhas foram realizadas em motocicleta, trafegando a uma velocidade entre 20 e 60 km/h. Para identificar pontos de atropelamentos para cada rodovia, foi utilizada a estimativa de densidade de Kernel e curvas de acumulação de espécies com extrapolação de área (Bootstrap), sendo ainda calculadas as taxas de mortalidade, o teste K-Ripley 2D para testar a aleatoriedade dos atropelamentos e o índice de diversidade de Shannon (H'). Na BR-235 foram registrados 63 atropelamentos e taxa de mortalidade média de 0.0652 indivíduos/Km/dia, enquanto na rodovia Adil Dantas do Amor Cardoso, que possui medidas mitigadoras implementadas, registrou-se 15 ocorrências com taxa de mortalidade média de 0.1430 indivíduos/Km/dia, foram identificados ainda pontos de atratividade gerados pela presença de carcaças descartadas indevidamente na BR-235. Apesar de não significativa, a rodovia BR-235 apresentou uma correlação positiva entre a precipitação e a frequência de atropelamentos (rs=0.1426, p=0.5851), enquanto que ADAC apresentou uma correlação negativa para as mesmas variáveis (rs=-0.1749, p=0.5675). Compreender os padrões dos atropelamentos e necessidades das rodovias, é essencial para o desenvolvimento de estratégias eficazes e o estabelecimento de medidas de mitigação eficazes minimizando assim os impactos negativos das rodovias na biodiversidade.
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