História natural da árvore hiperdominante, Pentaclethra macroloba (Willd) Kuntze, no estuário do rio Amazonas
Dantas, A. RVasconcelos, C. CGuedes, M. CLira-Guedes, A. CPiedade, M. T. F
Perntaclethra macroloba é uma espécie de múltiplas utilidades da Amazônia. Essa espécie tolera a variadas amplitudes de inundação. Mas, o efeito do gradiente topográfico de inundação na sua ecofisiologia ainda é desconhecido. Nós objetivamos saber se indivíduos da várzea alta (10 árvores) e baixa (20 árvores) apresentam padrões fenológicos distintos em função do gradiente de inundação, bem como suas estratégias de colonização e seus predadores de sementes. De fevereiro de 2018 a dezembro de 2019, monitoramos a fenologia de P. macroloba. Não houve diferença nos padrões fenológicos entre os dois ambientes, mas as inundações provocam respostas fenológicas diferentes. O aumento da temperatura favoreceu a produção de botões florais e o aumento da precipitação diminuiu a proporção de árvores florindo em ambos os ambientes. O aumento das chuvas e do nível de inundação do rio favoreceu os frutos maduros apenas na várzea baixa, onde os indivíduos estão mais expostos às inundações. Quando o nível de inundação aumentou, houve maior proporção de árvores perdendo folhas em ambos os ambientes. A espécie produz alta variabilidade no tamanho das sementes (comprimento: H = 49,2, p > 0,001; largura: H = 62,5, p > 0,001; peso: H = 70,4, p > 0,001). A taxa de predação de sementes foi de 5%, causada principalmente pela larva da mariposa Carmenta surinamensis. O gradiente de inundação estabelece diferentes respostas fenológicas às espécies, para que as árvores se ajustem para ter um melhor desempenho reprodutivo. A baixa taxa de predação e a variabilidade no tamanho das sementes são fatores que contribuem para a formação de grandes densidades populacionais no estuário do Rio Amazonas.
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