VETINDEX

Periódicos Brasileiros em Medicina Veterinária e Zootecnia

p. 476-494

Microturbelários (Platyhelminthes e Acoelomorpha) no Brasil: organismos invisíveis?

Braccini, J. A. L.Amaral, S. V.Leal-Zanchet, A. M.

Resumo Microturbelários são tipicamente bentônicos e podem ocorrer em uma ampla variedade de ambientes. São abundantes em ecossistemas marinhos e de água doce, podendo ocorrer em ambientes terrestres úmidos. Entretanto, turbelários raramente são considerados em estudos de diversidade. A maioria dos estudos sobre microturbelários brasileiros tiveram propósito taxonômico e foram realizados nos anos 1940-1950. Assim, informações sobre ocorrência e aspectos ecológicos estão dispersos em diversos artigos. O objetivo deste trabalho é sumarizar a distribuição biogeográfica e aspectos ecológicos dos microturbelários registrados para o Brasil, indicando as principais lacunas do conhecimento e possíveis ações para ampliar estudos sobre esse grupo. Há 239 espécies de microturbelários registradas no Brasil, com registros distribuídos em 12 estados. No entanto, 94% das espécies de microturbelários foram registradas em apenas três estados localizados no sul e sudeste do Brasil. Assim, o conhecimento sobre a sistemática e distribuição geográfica dos microturbelários claramente reflete as atividades científicas realizadas por muitos anos ou mesmo décadas em dois estados do sudeste e sul do Brasil. Considerando as escassas informações existentes sobre esse grupo no Brasil, assim como a situação dos microturbelários neotropicais em geral, algumas ações devem ser propostas. Primeiramente, é necessário realizar amostragens em diversos biomas, assim como nas várias bacias e regiões hidrográficas marinhas, baseadas em protocolos de amostragem padronizados. Em segundo lugar, faz-se necessário incentivar diversos grupos de pesquisa a incluir microturbelários e/ou turbelários em geral em inventários da biodiversidade e estudos de estrutura de comunidades de invertebrados. Em terceiro lugar, é necessário ampliar o número de grupos de pesquisa em microturbelários, para aumentar os estudos sobre sua morfologia, sistemática e ecologia. Considerando sua abundância, riqueza de espécies e importância ecológica em ambientes aquáticos, apesar de suas peculiaridades de amostragem, triagem e identificação, o desafio de estudar e ampliar o conhecimento sobre microturbelários em ecossistemas brasileiros deve ser enfrentado.(AU)

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