VETINDEX

Periódicos Brasileiros em Medicina Veterinária e Zootecnia

p. 352-359

Composição fitoplanctônica da água e do trato gastrointestinal do molusco Diplodon enno (Ortmann) do rio São Francisco (BA - Brasil)

Alves, TLima, PLima, G. M. SCunha, M. C. CFerreira, SDomingues, BMachado, J

Resumo O conhecimento da composição da dieta do molusco de água doce Diplodon enno é de extrema importância para a sua cultura e propagação, permitindo desta forma a recuperação de populações em perigo de extinção no Brasil. As microalgas são a principal fonte de alimento para moluscos filtradores e os uniónidos sendo selecionadas por estes com base nas suas características celulares. O principal objectivo deste trabalho é analisar a composição fitoplanctônica da água e do conteúdo gastrointestinal do molusco D. enno, de forma a desenvolver uma dieta apropriada ao seu cultivo. Para isso, amostras de água e espécimes de bivalves foram recolhidos do rio São Francisco, cidade de Paulo Afonso, Bahia, Brasil. A composição de microalgas encontrada na água e no conteúdo do estômago/intestino foi muito diversa, sendo representada pelas seguintes divisões: Cyanophyta, Chlorophyta, Dinophyta e Heterokontophyta (diatomáceas). Atendendo à abundância relativa de cada divisão de microalgas, podemos afirmar que na água e no trato gastrointestinal Cyanophyta representa 15% e 14%, Chlorophyta 54% em ambos, Heterokontophyta 31% e 27% e Dinophyta 0% and 5%, respectivamente. De acordo com o critério CETESB de classificação de espécies de fitoplâncton, 50% das espécies de Cyanophyta e 15% das de Chlorophyta observadas nas amostras de água foram classificadas como muito frequentes, tal como aconteceu para 68% das espécies de Heterokontophyta e 33% das de Chlorophyta nas amostras do conteúdo do trato gastrointestinal. Realçando as espécies presentes, apesar de apenas Coelastrum sp. e Chroococcus sp. terem sido observadas em 100% e 75% das amostras de água, respectivamente, nas amostras de trato gastrointestinal Staurastrum sp., Aulacoseira sp., Scenedesmus sp. e Fragilaria crotonensis foram identificadas em entre 80% e 100% das amostras. Os resultados deste estudo mostram que D. enno se alimenta não apenas de pequenas microalgas clorófitas, devido ao seu pequeno tamanho que possibilita maiores taxas de filtração, como também de diatomáceas maiores, devido a uma possível vantagem nutricional para os bivalves. Assim sendo, uma dieta composta por diatomáceas e pequenas clorófitas poderá ser considerada a mais indicada para a manutenção de populações de D. enno.(AU)

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