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Periódicos Brasileiros em Medicina Veterinária e Zootecnia

Effects of the flood regime on the body condition of fish of different trophic guilds in the Upper Paraná River floodplain, Brazil

Abujanra, F.Agostinho, AA.Hahn, NS.

Nesse estudo, buscou-se avaliar a influência de diversos ciclos hidrológicos sobre a condição nutricional de peixes de diferentes categorias tróficas, na planície alagável do alto rio Paraná, bem como dos impactos de represamentos a montante, sobre esse processo. Para isso foram avaliados os atributos das cheias anuais (duração, época, intensidade, variabilidade) e a condição nutricional dos peixes, medida pelos resíduos médios da relação entre o peso e o comprimento de espécies detritívoras, herbívoras, insetívoras, invertívoras, onívoras, piscívoras e planctívoras. Os peixes foram coletados em período anterior (1986-1995) e posterior (2000-2004) ao represamento de Porto Primavera, a montante, em três subsistemas da planície alágável do alto rio Paraná, Ivinheima (sem controle por represamentos), Paraná (com represamentos) e Baía (influenciado pelo rio Paraná). Uma análise de variância (ANOVA bifatorial) revelou variações significantes na condição nutricional média dos peixes, tanto entre subsistemas e ciclos hidrológicos, como em suas interações. Os resultados evidenciaram que antes do represamento, as variações na condição nutricional dos peixes foram similares entre os subsistemas, divergindo no período subseqüente, e que em anos com cheias incipientes ou nulas a condição nutricional foi elevada, especialmente nos subsistemas influenciados pelo represamento a montante. As correlações de Pearson e Spearman revelaram que, pelo menos parte dos atributos das cheias foram adversos para os peixes de diferentes categorias tróficas, exceto a variabilidade anual dos níveis fluviométricos, que possibilitou às espécies herbívoras o acesso periódico a fontes de alimento externas. As espécies detritívoras foram afetadas negativamente por todos os atributos da cheia. As mesmas correlações realizadas entre o peso relativo do estômago (resíduo médio da relação peso do estomago-peso total) e a condição nutricional demonstraram ausência de relação entre a quantidade de alimento ingerida e o ganho de peso, exceto para as espécies insetívoras, para as quais a correlação mostrou-se significativamente negativa, sugerindo ser sua fonte de recurso durante as cheias de menor valor nutricional. Postula-se que os anos secos permitem uma melhoria na qualidade nutricional dos recursos alimentares e que os efluentes de barragem promovem a diluição e o arraste desses recursos, sem que se promovam novos aportes, potencializando o efeito das cheias sobre a condição nutricional dos peixes, independente de seus hábitos alimentares.

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