VETINDEX

Periódicos Brasileiros em Medicina Veterinária e Zootecnia

Further notes on the natural history of the South American pepper frog, Leptodactylus labyrinthicus (Spix, 1824) (Anura, Leptodactylidae)

Silva, WR.Giaretta, AA.

Girinos de L. labyrinthicus crescem parcialmente no ninho consumindo ovos tróficos. Sugerimos anteriormente que os ovos tróficos seriam postos logo após o amplexo, porém nossos novos dados não corroboram esta hipótese. Apresentamos também mais detalhes da história natural da espécie relacionados à estação reprodutiva, local de desova, abrigos e capacidade dos girinos em predar girinos heteroespecíficos plenamente desenvolvidos. Demonstramos ainda que os girinos são noturnos e se utilizam de refúgios diurnos. Coletamos os dados no Brasil em três locais no Bioma Cerrado. Determinamos o formato e dimensões de buracos utilizados por machos, verificamos se fêmeas liberadas do amplexo ainda portavam óvulos maduros e testamos a capacidade dos girinos em predar girinos heteroespecíficos plenamente desenvolvidos. Realizamos observações naturalísticas e experimentais com girinos para descrever o horário de atividade, comportamento de refúgio e grau de suscetibilidade à predação pela ave sabiá-poca em diferentes tipos de substratos. Desovas podiam ocorrer antes das primeiras chuvas, possibilitando aos girinos explorar ovos de outros anuros no meio da estação chuvosa. Encontramos um ninho construído na superfície da água de uma poça temporária. Os ninhos da espécie geralmente são circunscritos em bacias escavadas às margens do corpo d'água. Machos adultos foram encontrados durante o dia em buracos subaquáticos, os quais eram perfurações adjacentes aos sítios de vocalização/desova. Provavelmente, esses buracos em solos encharcados são ativamente escavados pelos machos. As fêmeas liberam todos os óvulos durante o amplexo, portanto, os ovos tróficos não são produzidos pelo mecanismo aceito presentemente. Os girinos oferecidos nos testes não foram consumidos pelos girinos de L. labyrinthicus, os quais conseguem predar apenas recém-eclodidos. No campo, os girinos se refugiavam entre o lodo ou folhas mortas durante o dia, porém ficavam expostos sobre o fundo à noite. Dois sabiás-poca removeram folhas de uma poça e predaram girinos. Nos experimentos, os girinos se escondiam entre o cascalho/folhas no período diurno, mas tornavam-se expostos à noite. As aves predaram todos os girinos expostos, mas nenhum girino nos recipientes com cascalho/folhas foi consumido. Portanto, o hábito noturno e a utilização de refúgios diurnos devem proteger os girinos da espécie contra predadores visualmente orientados, como as aves.

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