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Periódicos Brasileiros em Medicina Veterinária e Zootecnia

Plant food resources and the diet of a parrot community in a gallery forest of the southern Pantanal (Brazil)

Ragusa-Netto, J.Fecchio, A.

Psitacídeos neotropicais usualmente exploram o dossel das florestas em busca de alimentos como néctar, flores, folhas, polpa e sementes de frutos. Como essas aves não estabelecem territórios, movimentam-se através de mosaicos de vegetação no sentido de utilizar recursos alimentares, produzidos massivamente, à medida que se tornam disponíveis. Neste estudo, nós examinamos a utilização de uma mata ciliar, no Pantanal Sul (Brasil), por uma comunidade de psitacídeos, constituída por um gradiente de formas que incluiu desde o pequeno Brotogeris chiriri até a grande Ara chloroptera. Os recursos vegetais, importantes para os psitacídeos, foram produzidos massivamente durante a estação chuvosa (frutos carnosos), subseqüentemente durante as cheias anuais (também frutos carnosos) e, finalmente, na estação seca (flores). Tanto as pequenas quanto as grandes espécies consumiram tais frutos, no entanto os periquitos utilizaram predominantemente a polpa, enquanto as espécies maiores consumiram em proporções similares a polpa e as sementes. Durante a estação seca os periquitos utilizaram extraordinariamente néctar das flores, sobretudo produzido por Inga vera, que anualmente floresceu massivamente ao final da estação seca, período mais rigoroso do ano. Dentre as espécies maiores, apenas Propyrrhura auricollis utilizou substancialmente néctar. A intensa produção de frutos, tipicamente dispersos por peixes ou pela água durante a cheia anual, foi amplamente utilizada pelos psitacídeos. Portanto, ao contrário dos padrões de frutificação da maioria das matas secas neotropicais, a ocorrência de um pico de frutificação durante as cheias emerge como um evento marcante de disponibilidade de frutos, num período (transição da estação úmida para a seca) em que tipicamente tendem a declinar. Nesse sentido, a peculiar produção massiva de flores e frutos, nessa mata ciliar, potencialmente contribui para manutenção das grandes populações de psitacídeos, ainda presentes, no Pantanal Sul.

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