VETINDEX

Periódicos Brasileiros em Medicina Veterinária e Zootecnia

p. 158-165

Manifestações oftalmológicas e neurológicas em um cão com ependimoma anaplásico intracranial: relato de caso

Ferraz, CTorres Neto, RRomaldini, ACirio, S. MDel Fava, C

Objetiva-se relatar um caso de ependimoma anaplásico associado a uveíte em cão macho de quatro meses de idade, mestiço Boxer. O cão apresentou, inicialmente, hiperemia conjuntival, blefaroespasmo, projeção da membrana nictitante e fotofobia bilaterais, sinais característicos de uveíte. Uveíte por causa traumática foi descartada. Seis dias após o início dos sintomas oftálmicos ocorreram vômito, incoordenação motora e alterações de comportamento. Sinais neurológicos e contração das sobrancelhas sugeriram algia na região cefálica. Injúria cerebral foi investigada por tomografia computadorizada (TC) nove dias após o início dos sintomas, quando o cão demonstrou espasmos dos membros e pescoço, seguido por parada respiratória com reversão e estabilização. A TC revelou extensa e amórfica neoformação no diencéfalo, mesencéfalo, e dentro do ventrículo lateral direito, com deslocamento à esquerda da foice cerebral. O animal foi eutanasiado e a necropsia revelou hidrocefalia e uma massa tumoral intracerebral condizente com a imagem da TC. A avaliação histopatológica por coloração hematoxilina e eosina, revelou alterações teciduais em várias áreas do Sistema Nervoso Central (SNC), mostrando várias pseudorosetas no neurópilo, mitose, e um elevado grau de atipia celular, indicando ependimoma.Lesões teciduais inflamatórias, hemorrágicas e necróticas foram observadas no tronco encefálico e cerebelo, devido à compressão do tumor e à hidrocefalia. Amostras da neoplasia foram submetidas à análise imuno-histoquímica (IHQ), sendo positiva a expressão dos marcadores tumorais vimentina e proteína glial fibrilar ácida, confirmando ependimoma anaplásico intracranial. As mudanças comportamentais e sinais neurológicos resultaram do processo vascular, inflamatório e degenerativo no neurópilo, causados pela compressão e invasão do tecido cerebral pela neoplasia. Embora cães com ependimoma frequentemente apresentem manifestações neurológicas, no presente caso, blefaroespasmo foi o primeiro sinal clínico observado pelo proprietário, e persistiu até a eutanásia do paciente. Os sinais neurológicos estão relacionados à localização do tumor e extensão das lesões secundárias devidas à sua expansão. Sintomatologia clínica e testes laboratoriais complementares, TC, necropsia, histologia e IHQ caracterizaram ependimoma, que é raro em animais jovens.(AU)

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