VETINDEX

Periódicos Brasileiros em Medicina Veterinária e Zootecnia

p. 25-36

Partilha de recursos e variação ecomorfológica em duas espécies sintópicas de Lebiasinidae (Characiformes) em um igarapé amazônico

Silva, Nathália Carina dos SantosCosta, Aluízio José Lopes daLouvise, JoséSoares, Bruno EleresReis, Vanessa Cristine e SouzaAlbrecht, Míriam PilzCaramaschi, Érica Pellegrini

A partilha de recursos é importante para a coexistência das espécies. Aquelas com ecomorfologia similar tem alto potencial competitivo, especialmente quando próximas filogeneticamente, devido ao conservantismo do nicho. O objetivo deste estudo foi investigar a partilha de recursos entre populações de duas espécies de lebiasinídeos (Copella nigrofasciata e Pyrrhulina aff. brevis) que coocorrem em um igarapé amazônico de primeira ordem, analisando a ecologia trófica, estratégias alimentares e atributos ecomorfológicos relacionados ao uso de recursos alimentares e espaciais. Os peixes foram capturados em maio e setembro/2010. O conteúdo estomacal de 60 indivíduos foi analisado e os itens quantificados volumetricamente para caracterizar a ecologia trófica das espécies. Foram medidos 11 atributos morfológicos, combinados em nove índices ecomorfológicos. As espécies apresentaram dieta onívora-invertívora com predomínio de itens alóctones, tendência ao generalismo e variação intrapopulacional no uso de recursos alimentares. A sobreposição de nicho trófico foi alta, mas diferiu entre os períodos, sendo baixa na chuva e alta na estiagem. Na última foi assimétrica, pois a dieta de C. nigrofasciata se sobrepôs à de P. aff. brevis, que reduziu seu espectro alimentar. A análise ecomorfológica diferenciou as espécies, indicando que C. nigrofasciata apresenta maior capacidade natatória (maior Comprimento Relativo do Pedúnculo Caudal) do que P. aff. brevis, que apresenta maior manobrabilidade e tendência a habitar ambientes lênticos (maior Altura Relativa do Corpo). Estes resultados demonstram que as espécies têm ecologia trófica semelhante e sugerem uma segregação espacial, dada por diferenças morfológicas relacionadas à locomoção e ocupação de hábitat, favorecendo sua coexistência.(AU)

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